Trobadour Solitaire


"Eu passei 19 anos de minha vida a descobrir, interpretar o mundo por meio dos livros. Enriqueci-me culturalmente, intelectualmente, mas foram necessarios 365 dias para sentir todas as feridas e tristezas que nenhuma palavra soube me traduzir". Essas palavras sem duvida estarão no romance que eu estou escrevendo. Enquanto o livro é apenas uma idéia à venir, eu me dei conta que ja faz um ano que estou aqui em Lyon.

Ha 365 dias, eu começava uma nova vida. Eu diria que se voltarmos 365 dias, eu estaria morto. Havia um menino que sonhava. Existia um menino que se preparava para a vida com amigos, familia. Que julgava que todos eram iguais e que dinheiro nada mais era que algo nao necessario. Acredito que todos que me ouviam, viam, sentiam,falar, percebiam a vontade que eu tinha de ter uma nova vida. Pois bem, ela começou e durante todo esse tempo, eu tentei, ainda que lentamente e com uma frequência não tão excitante e doida como a minha vida, escrever tudo o que eu passei. Mas, a literatura, as palavras não podem traduzir a realidade mesmo que ja tenhamos visto nesse mundo Sartre, Céline ou Machado de Assis.

O inverno em Lyon não foi um daqueles russos ou canadenses, porém foi a estação mais dura e dificil para mim. Foi durante o inverno em que TUDO aconteceu. Tudo? Bem, toda a historia que um dia rasgara as paginas de um livro se passou durante o periodo de 31 de dezembro(data do incêndio) até.... eu não saberia dizer se ja é um fim....

Quantas vezes, vocês, amigos, me leram, ouviram dizer, falar que eu não ia mais ficar aqui? Que o gosto da derrota escorregava na minha boca? Varias. Porém, havia comigo uma força que me impedia de voltar, desistir: minha vontade de vencer. E eu não seria hipocrita de esquecer, duas grandes pessoas que me incentivaram pessoalmente e uma outra que sempre me apoiou em todos os momentos: Sofian, Amélie e Matthieu. Aprendi que amigos não são aqueles que você se diverte ou passa férias, mas aquele que divide o guarda-chuva com você mesmo não tendo nenhum. Das palavras dessas pessoas, eu achei a minha força para escrever tais palavras.

Eu visitei varias delegacias, prefeituras(na França ha varias), centro sociais. Não tive vergonha de pedir ajuda à ninguém, procurar emprego em todos os lugares, mesmo sexy shop, construção. Eu sempre quis apenas ter um lugar onde dormir e estudar, mas a vida me mostrou que eu não podia ser nem ter apenas isso. Vivi e vivo como um imigrante. Ningué pode me perguntar "como vai a sua estada na França, mas como vai a sua vida aqui. Eu diria que fugi de uma realidade que nunca existiu.A minha vinda para ca me faz pensar no mito da caverna de Platão. Eu sempre vi apenas uma sombra do que seria a realidade quando estava na casa de minha mãe. Acreditava em bobagens, como humanidade e ser humano. Saindo de la, as sombras se destruiram e viram pedras cortantes que me mostraram que ou você pisa e vence ou pisaram em você para vencer.


Eu sou cruel? Não. Se hoje eu estou aqui, foi porque alguém deixou de ser admitido no Mestrado em Lyon 3 ano passado, então eu pisei em alguém para vir aqui sem saber.

Depois de tudo que aconteceu, eu estou conseguindo abrir os olhos, apos um pesadelo.Começando um novo curso, conhecendo novas pessoas, sensações, aromas. Tudo se passa diante de mim como as coisas simples e belas que uma criança vê, tudo é novo, mas ao contrario das crianças, eu ando sempre prevenido, nunca distraido.

Qual o proximo projeto? Ninguém sabe.Não sei se todas essas confusões vai continuar ou um futuro normal esta à vir. As vezes, agradeço estranhamente ao cara que pos fogo na casa onde morava, pois esse acontecimento.

Eu cavo as linhas tortas do meu destino que não exerce nenhum poder sobre mim. A partir de agora, tudo pode se desmanchar no ar a cada sopro vizinho que passa por mim. Eu não sei se não fora importante tal aventura, mas eu duvido ainda mais se não serão importantes tantas outras que ai estão para vir.

Comment podemos derrotar o tempo e suas surpresas e manias? Nenhum movimento é possivel.
São os sonhos que alimentam nossas vidas, mas é o dinheiro que as faz viver. Talvez eu escreverei um manual cujo titulo sera: "Como estudar na France com 0€" ou para ser mais sincero: Como vir, viver e estudar na Europa sem nada: as desaventuras de um sonhador.
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3 Responses
  1. Anônimo Says:

    Nous vous remercions de intiresnuyu iformatsiyu


  2. Daniel Says:

    É isso aí rapaz.Temos que ir atrás de nossos sonhos,porque se não corrermos,o tempo passa e o que fica é só a imaginação de como poderia ter sido.


  3. Daniel Says:

    Ah,cara escreve um pouco mais sobre a mulher francesa,costumes e etc.

    Abraço,gostei do teu blog!