Trobadour Solitaire

Teria o homem um instinto de sobrevivência insconciente? Eu acho que sim. Depois do que eu vou contar a vocês, você também vai acabar acreditando nisso.
Apos uma pane no telefone, eu decidi ir dormir no andar de cima da casa de uma familia onde eu estava morando. Fazia frio embaixo, então decidi dormir no primeiro andar.

3h da manhã : Peguei no sono. Como todo mundo, eu estava ansioso que chegasse dia 31 para passar a ultima noite de 2008, o que eu não sabia que aquela noite seria a primeira de uma pos vida de um sobrevivente.

04h da manha : Eu acordo, eu simplesmente acordo. Um ato tão simples e sem sentido quanto piscar os olhos, porém assim como o piscar de olhos, esse acordar impediria que eu pudesse contar a vocês essa historia. Me levanto e vejo uma luz pela janela, não sei bem o que é, imaginei que pudesse ser os vizinhos, desci as escadas, sai da casa e me deparo com a cabana em chamas e o fogo entrando pelo telhado da casa. Sem telefone, não sabia o numero da policia, nem dos bombeiros. Decido sai da casa, bato na porta dos vizinhos sem resposta. A chuva escorrega pela minha cabeça tão velozmente quanto o medo se impregna no meu corpo. Volto para casa e passo um minuto paralizado, a fumaça ja domina a casa e eu ja tenho dificuldades em respirar.Ouço o bater de portas de um carro. A policia. Dez minutos depois, os bombeiros.

10h da manhão dia seguinte: Presto depoimento a um policial que adorou ter passado as férias no Brasil, principalmente porque nesse pais existe uma coisa chamada rodizio.
"O senhor quase morreu"-diz tal policial. Essa frase me toca tão profundamente que eu passo quase um minuto entendendo tudo o que tinha se passado ha algumas horas atras. Eu acabo me dando conta que eu tinha sobrevivido juntamente com um ramster porque eu acordei. Minutos ha mais de sono, eu teria virado carvão ou morrido asfixiado.

Não adoto um discurso teologico para justificar tal acontecimento e sorte que tive, prefiro acreditar que o ser humano em si possui uma vontade de existência, uma potência em querer existir apesar de toda a desgraça e miséria humana que somos e que fazemos.

A policia descobriu mais tarde que foi um crime culposo, ou seja, houve a intenção de matar a(s)pessoa(s) que estava na casa. A vie en rose não dura por muito tempo e hoje me encontro sem lugar para ficar, sem destino. Voltar ao Brasil? Talvez. A juventude ainda me permite passar por isso e depois recomeçar.

Teria a morte perdido o primeiro round de uma luta cuja duração ninguém sabe? Tanto faz, todo nos sabemos quem vencera ao final da luta.
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1 Response
  1. Raquel Says:

    No fim, e como já dizia Saramago, a prudência apenas adia o inevitável.