Trobadour Solitaire
O momento é complicado. Ha seis meses eu saia de Salvador, do Brasil, das asas da familia para atravessar o atlântico em busca de mudança. Sonho realizado, ao contrario de tantos outros estudantes que vêm para ca, eu não tive nenhum problema com adaptação, lingua e etc. Meu problema foi de não ter sido paciente. Nunca tive um lugar so meu aqui como qualquer outro estudante.
Para quem me viu em Salvador com toda aquela ansiedade para encarar algo diferente e sempre me dizia "fique mais um pouco, faça dinheiro e depois você vai", ficara espantado ao ler esta frase: eu deveria ter planejado mais. O que tal falta de plajenamento causou?
Bem, em seis meses em territorio francês, eu vivi experiências absurdas, inimaginaveis até mesmo para uma pessoa que nasceu aqui e jamais saiu daqui. Falta de lugar pra ficar, incêndio, falta de respeito de pessoas que me puseram para fora de casa sem justificativa, visitas diarias a policia, tribunal, organismos da Republica Francesa, tudo isso é consequência da precipitação corajosa que eu tomei. Eu sempre soube que a vida aqui seria dificil, dura, mas eu nunca achei que um "esquecimento" de organização me custaria quase a minha vida.

Mas, eu pergunto: O que posso fazer se ha em mim uma vontade de crescer mudar mais rapido do que o normal? O que você faria se tivesse uma vontade dessa de ampliar horizontes, conhecer pessoas, abrir a mente, viver e não apenas esperar a morte chegar? Em vez de esperar anos, décadas ou nunca vir para aproveitar desse sistema que hoje funciona bem graças a um roubo humano e historico, eu decidi meter a cara, encarar a vida "sem" alguém como escudo e aprender o que quer dizer a expressão cada um por si. Amigos, amores, proteção social, ajuda social, isso tudo é uma representação mentirosa que circunda nos papéis daqueles que nunca beijaram o chão. Todas essas pessoas, organismos te dirão "desculpas, não posso fazer nada por você" quando você mais precisar, quando você, um dia, beijar o chão.

Eu beijei o chão, mas estou me erguindo, subindo o prédio social. O elevador parece quebrado ou então eu acho que esqueceram de mim aqui no terreo. As escadas são sensiveis, perigosas, cansativas, mas elas me levarão para onde eu quero. Onde? Francamente, não sei, depois de seis meses aqui, nada, absolutamente nada pode ser planejado quando não se tem dinheiro. Dinheiro é bom, dinheiro é tudo. E quem te disser ao contrario ou é demagogo ou é burguês.

A todos aqueles que ficam choram no canto quando tem tudo na mesa e no bolso, eu digo fuck you!

P.S: Por enquanto eu ainda não fui vitima "direta" do racismo e nem da policia que caça literalmente humanos nas ruas da Sarkolândia.

P.S²: Bem feito aos franceses que votaram em Sarkozy! Sofram, chorem!

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